Exposição “O que sonham os invisíveis — cosmopercepções da floresta” inaugura na Galeria Benedito Nunes e propõe novas formas de perceber e se relacionar com as florestas e seus povos

Mostra coletiva reúne obras de artistas de diferentes territórios, que vão da Amazônia, passando pela Mata Atlântica até as florestas boreais do norte da Europa e ficará aberta ao público até o dia 28 de novembro

Matheus Freire
As obras em vídeo, fotografia, cerâmica, pintura e instalação buscam mostrar como as pessoas de cada um desses territórios dialogam com as florestas, suas águas, habitantes, ciclos e sua própria existência.

A exposição “O que sonham os invisíveis — Cosmopercepções da Floresta” apresenta a produção coletiva de arte contemporânea criada nas residências do projeto Cosmopercepções da Floresta, iniciativa do Goethe-Institut realizada em cinco territórios: Amazônia Colombiana, Ilha do Marajó, Mata Atlântica, Floresta Boreal na Finlândia e o eixo Rio Negro/Munique. Além disso, conta, também, com coletivos e artistas convidados especialmente para a mostra e que foram parceiros do projeto durante os seus dois anos de realização. 

A inauguração da exposição aconteceu na última segunda-feira (10), na Galeria Benedito Nunes (Fundação Cultural do Pará – Centur), e segue aberta até 28 de novembro, com entrada gratuita.

Resultado de uma rede de residências e colaborações entre artistas, comunidades e pesquisadores, a exposição reúne diferentes cosmopercepções dos povos das florestas e aborda o tema do duplo sonhar: o sonho como força de transformação e resistência ao colonialismo, frequentemente invisibilizada nas narrativas globais, e o sonho como dimensão de conexão com o invisível, com os seres que habitam e protegem as florestas e que escapam às lógicas da ciência ocidental.

As obras em vídeo, fotografia, cerâmica, pintura e instalação buscam mostrar como as pessoas de cada um desses territórios dialogam com as florestas, suas águas, habitantes, ciclos e sua própria existência. A proposta da exposição é que o público possa percorrer essas trajetórias de criação, que nascem desse encontro entre saberes ancestrais e ciência contemporânea, além de estimular um entendimento global do papel das florestas e de suas culturas diante das mudanças climáticas, especialmente nesse contexto de realização da COP30, em Belém.

“A natureza dá sentido à vida e, nela, tudo mantém seu equilíbrio. É como uma imensa teia onde tudo está interligado, um organismo vivo. Seu poder está em nos direcionar para a sabedoria. Cada sinal que recebemos tem significado para nossa existência, muitos sinais nos são transmitidos pela natureza, que, com sua delicadeza e sabedoria, nos guia e ensina o bem viver”, ensina a curadora da exposição Cristine Takuá.

Participam da mostra artistas e coletivos de diferentes territórios, como Aimema Úai (povo Wuitoto, Amazônia Colombiana), Ronaldo Guedes e Cilene Andrade (Ateliê Arte Mangue Marajó), Cristine Takuá e Carlos Papá (Escolas Vivas Guarani), Sunná Máret (Floresta Boreal, Sápmi, Finlândia), Renata Tupinambá, João Paulo Barreto (Bahserikowi – Centro de Medicina Indígena), Freg Stokes (Max Planck Institute of Feoanthropology), Anita Ekman, Edu Simões, entre outros.

Mais do que uma exposição, “O que sonham os invisíveis – cosmopercepções da floresta” é um convite à escuta: a reconhecer os saberes e os seres que, mesmo invisíveis, continuam a sonhar o futuro das florestas e da vida no planeta. Esta exposição convida o público a participar dessa rede, no encontro com os que sonham caminhos. 

“Depois de séculos de colonização, evangelização e apagamento dos saberes ancestrais, muitos conhecimentos da forma como percebemos as florestas adormeceram. A partir de uma rede tecida com cuidado e afeto, o projeto Cosmopercepções da Floresta, em parceria com comunidades e Escolas Vivas, propõe, justamente, o acordar das memórias e o despertar das formas próprias de transmissão dos saberes”, finaliza a artista e curadora da exposição, Anita Ekman.

A mostra é uma realização do do Goethe-Institut Rio de Janeiro, em parceria com as unidades de São Paulo, Colômbia, Finlândia e Munique. O projeto conta com o apoio de Instituto Juruá, Amazônia Revelada, ISA, Max Planck Institute, studio curva e Governo do Pará.

SERVIÇO:

Abertura
Data: 10/11
Hora: 19h
Local: Galeria Benedito Nunes — Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650 – Belém/PA)
Entrada gratuita

Visitação
Período:
11 a 28 de novembro de 2025
Local: Galeria Benedito Nunes — Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650 – Belém/PA)
Horário: 9h às 18h (a confirmar)
Entrada gratuita

Conheça mais sobre as obras que serão apresentadas

Amazônia Colombiana Aproximadamente 6 obras pintadas com tintas naturais e acrílica pelo artista Aimema, artista do povo Wuitoto e de variadas proporções.

·Ilha do Marajó O Ateliê Arte Mangue Marajó propõe uma instalação performativa que combina obras em cerâmica (gravuras e esculturas em estilo marajoara) e banhos de ervas do Marajó.

Mata Atlântica Com a Escola Viva Guarani e o povo Maxakali, na Aldeia Guarani Mbya do Rio Silveiras. Além de pinturas em grandes formatos pintados em acrílico no encontro da residência, o coletivo propõe vídeo instalações.

·Floresta Boreal da Finlândia No território Sámi, a artista Sunná, em colaboração com Renata Tupinambá, produziu obras audiovisuais voltadas à reflexão do tempo vagaroso.

·Rio Negro, Amazonas / Munique, Alemanha Em parceria com o Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, Instituto Juruá, Max Planck Institut serão apresentadas uma série de litografias (Atlas Brasilisensis) e animações realizadas em Munique através da residência no Museum Fünf Kontinente, Art and Nature Foundation – Nantesbuch (Floresta da Baviera) e Lithografiewerkstatt Münchner Künstlerhaus-Stiftung.

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