A demanda por radiologistas no mercado brasileiro é crescente. Dados do Atlas da Radiologia no Brasil 2025 reforçam a urgência na procura por profissionais de imagem, com destaque para as oportunidades de especialização em exames de alta complexidade e a necessidade de preencher lacunas regionais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Dra. Isabelle Liberal, docente do curso de Radiologia da UNAMA Santarém, utilizou os dados do estudo para detalhar as áreas de maior empregabilidade. Além disso, também abordou as competências essenciais para técnicos e tecnólogos da área.
SUS é carro chefe
O estudo aponta que o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 101 milhões de exames de imagem em 2023, concentrando mais de 60% do total realizado no país. Para Dra. Isabelle, esse volume demonstra um cenário de alta demanda e empregabilidade.
“Estamos falando de um cenário de alta procura e da necessidade contínua de profissionais capacitados. Em Santarém e na região Oeste do Pará, por exemplo, essa demanda é ainda mais evidente, pois o sistema público absorve a maior parte dos atendimentos, especialmente em hospitais regionais e unidades de referência. Essa realidade traduz uma forte empregabilidade para tecnólogos e técnicos em Radiologia”, explica a especialista.
Ela destaca que o trabalho do tecnólogo ou técnico vai muito além da operação básica do equipamento. O profissional é o elo entre o paciente, o equipamento e o diagnóstico, sendo crucial para a qualidade técnica e segurança dos milhões de exames. Por isso, deve compreender os princípios físicos da radiação, a anatomia radiográfica e os limites de dose, auxiliando diretamente no diagnóstico médico.
“O profissional de Radiologia é responsável por posicionar corretamente o paciente, ajustar parâmetros técnicos, aplicar protocolos de segurança radiológica e zelar pela proteção radiológica, tanto do paciente quanto da equipe. Em Santarém, por exemplo, onde há grande fluxo de exames em unidades de urgência e hospitais regionais, a atuação técnica precisa ser precisa e humanizada”, pontua.
Ressonância e mamografia
O estudo evidencia grandes desigualdades no acesso a exames de alta complexidade, o que, na visão da especialista, gera grandes oportunidades de carreira e especialização. A ressonância magnética, por exemplo, é realizada 13 vezes mais na rede privada.
“Há um campo aberto para especialização e o fortalecimento do serviço público. Em Santarém, o número de equipamentos de ressonância ainda é limitado. Profissionais especializados nessa área têm alta empregabilidade, podendo atuar tanto em clínicas privadas quanto em projetos de expansão do SUS”, diz a radiologista.
A mamografia também é citada como um exame crítico de saúde pública, exigindo uma preparação técnica e humana. “O profissional de Radiologia precisa ter um olhar técnico e humano muito apurado. Não se trata apenas de dominar o equipamento, mas de compreender a importância social e emocional desse exame”, pontua Dra. Isabelle.
Mercado regional
A professora lista as habilidades necessárias para um recém-formado se destacar. “O profissional precisa ter versatilidade, domínio técnico e compromisso ético. Atualmente, a região Norte carece de profissionais que saibam operar diferentes modalidades, como raio-X, tomografia, mamografia e densitometria, e mantenham atualização constante frente às novas tecnologias digitais e à radiologia intervencionista”, explica.
As áreas mais promissoras, além do raio-X convencional, são tomografia computadorizada, ressonância magnética, radioterapia, densitometria óssea e radiologia intervencionista. Há também a expansão da radiologia odontológica digital e da gestão em radiologia.
A especialista ainda indica que a busca contínua por qualificação é indispensável, sugerindo pós-graduações voltadas para modalidades específicas e cursos de Proteção Radiológica, Gestão em Serviços de Diagnóstico por Imagem e Docência na Saúde. “Isso é essencial para o diagnóstico e tratamento em praticamente todas as especialidades médicas”, finaliza.
