Muito prazer, sou o Prato Firmeza Amazônia – raízes da culinária tradicional brasileira, um produto da Énois, um laboratório de comunicação que apoia coletivos nascentes das periferias para fortalecer o bem viver por meio da comunicação comunitária.
Nos meus capítulos em Belém (PA) e Manaus (AM) , eu mostro como restaurantes populares e periféricos são afetados diretamente pelas mudanças climáticas. O aumento no preço de insumos, a escassez de ingredientes tradicionais e os eventos extremos como cheias e secas impactam a vida de empreendedores e cozinheiras que fazem da comida uma ferramenta de resistência cultural e social.
A crise climática afeta diretamente a produção de alimentos e o acesso à comida. Não é possível falar em justiça climática ignorando quem planta, pesca, colhe e cozinha. Garantir justiça alimentar significa questionar modos de produção devastadores e reconhecer e valorizar os saberes e modos de produção tradicionais, assegurando acesso digno e sustentável à alimentação, protegendo territórios que sustentam a vida. Sem isso, qualquer agenda climática será incompleta e injusta.
“O Prato Firmeza nasceu valorizando a comida de quebrada, feita por produtores locais – o cachorro-quente, o hambúrguer e as comidas de rua. E, ao longo dos anos, foi se transformando. Hoje, ele ocupa um lugar que discute direito à alimentação, soberania alimentar, cultura alimentar e a urgência de pensar quais são os pratos que estão e vão adiar o fim do mundo. A Énois já distribuiu mais de 20 mil livros impressos e contabiliza milhares de downloads online, impactando direta e indiretamente cerca de 2 milhões de pessoas.”
— Amanda Rahra, fundadora e diretora de operações da Énois
“E é nesse contexto que a Amazônia tem a chance de saltar do estereótipo do exótico, do folclórico, da ‘comida diferente’, para uma posição de protagonismo global. Afinal, enquanto o mundo discute como alimentar populações de forma sustentável e regenerativa, a resposta já vem sendo praticada há séculos pelos povos indígenas e pelas comunidades tradicionais da Amazônia.”
— Thiago Castanho, Chef, cozinheiro paraense e pesquisador da culinária amazônica
Histórias que ilustram esse tema no guia:
Belém (PA):
No meio da Vila da Barca, o Calmaria da Amélia é conhecido pela comida caseira e farta, feita com carinho. Mas sua localização em uma área ribeirinha e periférica faz com que o restaurante enfrente diretamente os reflexos das mudanças climáticas. A alta de preços, as dificuldades de abastecimento e os impactos das cheias alteram o dia a dia do negócio e mostram como a crise climática chega até a mesa das periferias urbanas.
Manaus (AM):
Às margens do Rio Negro, a tradicional peixaria do Jokka Loureiro mantém há quase 40 anos a tradição de servir peixes amazônicos. Porém, durante os períodos de seca, a escassez de pescado se torna um grande desafio para o restaurante, que depende de parcerias com fornecedores locais para continuar servindo seus pratos. Esse movimento revela como os eventos extremos afetam diretamente a cultura alimentar da cidade e a sobrevivência de empreendimentos populares.
“Era para o rio estar mais cheio. Às vezes o rio não chega a passar do nível dos lagos, para que saiam os peixes que estão dentro dos lagos. Só quem conhece mesmo pode pegar esse peixe lá nas fronteiras, para poder trazer para casa. Isso tem um custo muito alto. Quando chega aqui, está caríssimo, muito alto.”
— Frank Hudson, um dos filhos de Joaquim Loureiro e atual proprietário da peixaria do Jokka.
Conheça mais sobre a minha história:
Eu, o Prato Firmeza, nasci em 2016 quando a Énois ainda era uma escola de jornalismo dedicada à formação de jovens comunicadores e cresci junto com a organização, me tornando uma plataforma que conecta comunicação e alimentação nas favelas e periferias do Brasil, gerando renda e fortalecendo iniciativas de comunicação locais e a construção de territórios mais saudáveis.
O Prato Firmeza Amazônia: raízes da culinária tradicional brasileira é um projeto realizado pela Énois e pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio do Assaí e da RD Saúde. Apoio da WWF, Instituto Clima e Sociedade e Instituto Ibirapitanga. Tem acessibilidade de Amanda LeLibras, tradução indígena pela Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), e tem como parcerias de produção: Pavulagem, Puxirum do Bem Viver e Tapajós de Fato.
