Acidentes domésticos causam mais de 120 mil internações por ano

Especialista explica como proceder diante dos casos mais comuns e como saber a hora de procurar a emergência

Matheus Freire
Acidentes domésticos causam mais de 120 mil internações por ano no Brasil, alertando para a importância da prevenção dentro de casa. Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

Final de ano é sinônimo de família reunida. Com férias escolares e recesso, há mais pessoas dentro de casa por mais tempo, cenário que aumenta o risco de acidentes domésticos.

Em 2023, o Brasil registrou cerca de 9,3 mil mortes por acidentes domésticos, uma média de 25 óbitos por dia, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, mais de 120 mil internações por ano ocorrem em decorrência desses episódios.

O médico emergencista e professor do IDOMED, Lucas Campos, explica que os acidentes domésticos geralmente surgem de situações cotidianas. “Os casos mais comuns são queimaduras, cortes e quedas. A pessoa escorrega no banheiro, tropeça dentro de casa, se corta ou se queima ao cozinhar; crianças passam correndo e se machucam”, enumera.

Segundo o especialista, crianças pequenas, que exploram os ambientes sem noção de risco, e idosos, que costumam ter mobilidade reduzida, formam o grupo mais vulnerável.

A seguir, veja como agir nos acidentes domésticos mais comuns e quando procurar hospital ou posto de saúde.

Cortes

Nem todo corte exige hospital, mas é essencial avaliar a gravidade. Extensão do ferimento e dificuldade para estancar o sangramento são os principais sinais de alerta.

Cortes leves: lave com água corrente e sabão neutro. Em seguida, pressione a região com um pano limpo até estancar o sangramento. Depois, lave novamente e faça um curativo, se necessário.

“O que define a ida imediata à emergência é a incapacidade de parar o sangramento apenas com compressão”, reforça Lucas Campos. “Cortes muito profundos ou extensos também precisam de avaliação médica.”

Quedas

As quedas são a principal causa de morte por ferimentos não intencionais no Brasil, especialmente entre idosos e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde.

Após uma queda, observe: intensidade da dor, capacidade de se movimentar e presença de deformidades visíveis. “Pequenas fraturas podem passar despercebidas. Se a dor não melhora ou há dificuldade para caminhar, é fundamental buscar atendimento”, explica o especialista.

Alerta máximo: desorientação, tontura, confusão mental ou dificuldade para falar após a queda. “Nesses casos, a avaliação médica deve ser imediata”, orienta.

Queimaduras

Em caso de queimadura doméstica, interrompa a fonte de calor e lave a área afetada em água corrente fria. Não use produtos caseiros como pasta de dente, gelo, café ou manteiga, pois podem agravar a lesão.

Se surgirem bolhas, não estoure. Seque suavemente e cubra com pano limpo ou gaze.

Procure emergência imediatamente quando a queimadura:

  • for extensa;
  • atingir rosto, olhos, mãos, pés, genitais ou grandes articulações;
  • apresentar dor intensa, bolhas grandes ou escurecimento da pele;
  • envolver crianças ou idosos;
  • causar falta de ar, tontura ou mal-estar;
  • for elétrica ou química.

Como prevenir acidentes domésticos

A prevenção de acidentes domésticos é a forma mais eficaz de reduzir internações e mortes. Entre as medidas recomendadas estão:

  • instalar tapetes antiderrapantes no banheiro;
  • manter o piso seco;
  • acompanhar idosos em áreas com escadas ou desníveis;
  • guardar objetos cortantes fora do alcance de crianças;
  • manter tomadas protegidas;
  • não deixar crianças sozinhas na cozinha;
  • cozinhar com os cabos das panelas voltados para dentro do fogão.

“Dentro de casa, o perigo mora nos detalhes. São situações corriqueiras que podem se tornar graves”, resume Lucas Campos.

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