O diagnóstico de câncer ainda é, para muitos, sinônimo de medo, incerteza e dor. Mas além das consequências físicas, a doença tem forte impacto sobre a saúde mental dos pacientes, o que exige uma abordagem integrada entre corpo e mente.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20% dos pacientes com câncer apresentam sintomas clínicos de depressão, e cerca de 10% desenvolvem transtornos ansiosos. Já no Brasil, um estudo publicado na revista Cogitare Enfermagem identificou que 69,6% dos pacientes oncológicos apresentavam sintomas de ansiedade e o mesmo percentual de depressão, sendo que 59,4% relataram as duas condições simultaneamente.
Para o psicólogo Fabrício Vieira, da Hapvida, esses números reforçam a urgência de um cuidado mais humanizado e integral.
“O câncer traz dor física, tratamentos intensos, incertezas sobre o futuro e tudo isso abala o emocional. Depressão, ansiedade, medo, insegurança… essas emoções, quando não reconhecidas e tratadas, podem agravar o sofrimento e interferir diretamente no resultado clínico”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, a saúde mental deve ser uma prioridade no tratamento oncológico, já que o sofrimento psíquico, quando negligenciado, pode impactar desde a adesão ao tratamento até o prognóstico do paciente. Uma nota técnica da pasta destaca que o acolhimento emocional e o suporte psicológico são fundamentais desde o diagnóstico até as fases mais complexas da doença.
Vieira alerta que sinais como tristeza persistente, insônia, perda de apetite, isolamento social e apatia não devem ser normalizados durante o tratamento.
“Muitos pacientes acreditam que esse sofrimento emocional é apenas efeito colateral do tratamento. Mas não é. Saúde mental é tão essencial quanto saúde física. O acompanhamento psicológico, desde o início, pode fazer toda a diferença na qualidade de vida e nos resultados clínicos.”
Além do impacto emocional, estudos apontam que a depressão não tratada pode aumentar a taxa de mortalidade em alguns tipos de câncer, principalmente quando há prejuízo na rotina de cuidados, como alimentação, sono e adesão aos medicamentos.
“Nosso papel como equipe de saúde é enxergar o paciente como um ser completo, com corpo, mente, história e emoções. O câncer não atinge apenas um órgão: atinge a vida como um todo. E é por isso que o suporte psicológico precisa ser parte essencial do plano terapêutico”, conclui o psicólogo.
