O Greenpeace avaliou que o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) representa um passo importante rumo ao fim do desmatamento global. Apesar de considerar o mecanismo um avanço, a organização aponta que ainda há lacunas a serem corrigidas tanto nos critérios florestais quanto nos financeiros.
Segundo a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, o TFFF “é um marco importante para a proteção das florestas tropicais do mundo. O mecanismo pode e deve ser aprimorado para sanar algumas de suas lacunas, no entanto, é um passo na direção certa, pois valoriza a preservação das florestas e garante o acesso direto a financiamento para povos indígenas e comunidades locais”.
Com a taxa de desmatamento na Amazônia em queda — 11% menor em relação ao período anterior e 50% inferior a 2022 —, o Brasil, na avaliação da entidade, está em posição privilegiada para liderar um plano global que leve as Partes da COP30 a traçarem um compromisso concreto para zerar o desmatamento e a degradação florestal até 2030.
“Mas só alcançaremos esse objetivo se outros países, incluindo não apenas os países florestais, mas também as grandes economias mundiais, se mobilizarem e fizerem a sua parte”, ressalta Pasquali.
Entre os avanços do mecanismo, o Greenpeace destaca o reconhecimento do papel dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, com destinação obrigatória de ao menos 20% dos recursos diretamente a esses grupos. Por outro lado, aponta fragilidades que precisam ser superadas, como critérios frouxos de cobertura florestal, ausência de monitoramento da extração seletiva de madeira e da fragmentação, além da falta de mecanismos robustos de responsabilização financeira.
A organização também defende que o TFFF não seja contabilizado como parte da Nova Meta Coletiva Quantificada (NCQG) de US$ 300 bilhões, já que se trata de um mecanismo de investimento com retorno financeiro a investidores.
Além do TFFF, o Greenpeace cobra que a COP30 estabeleça um plano global de ação para eliminar o desmatamento e a degradação florestal até 2030, reforçando que esse será o único caminho para manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
